Arquivo / fevereiro, 2010

Brasileiro

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A fritada de verdura do Brás

aaa1As dezenas de cópias de serviço que foram manuseadas e depois descartadas na edição de um trabalho ficam esquecidas depois que o serviço foi finalizado. Sempre que se volta ao tema é melhor ir para os contatos porque o tempo pode mudar pontos de vista. Este trabalho sobre o bairro do Brás, em São Paulo,  tem mais de 30 anos e volta e meia eu dou uma volta nele.  As fotos não ficam melhores com o tempo de gaveta por isso o suador é quase sempre inevitável. Mas, o lado bom é relembrar e, vendo estas fotos eu lembrei do cheiro das fritadas de verdura das cantinas do Brás e os personagens que conheci quando documentei a derrubada das 300 casas para construir o metrô.

Na hora do almoço eu comparecia nas cantinas italianas do bairro para levantar informações sobre os moradores, o comércio e as pequenas indústrias que na época estavam desaparecendo rápidamente com a chegada do metrô. Comia um pouco em cada mesa. Quase sempre uma fridadinha, de linguiça ou de verdura, com pão. Se desse tempo ia para outra cantina. Nas terças-feiras encontrava o carvoeiro que entregava carvão de carroça no bairro na cantina do Largo da Concórdia para comer músculo cozido com legumes. Alguém sabe onde tem um fritada de verdura em São Paulo?
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Moradia dos brasileiros

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Escola de Mato

abc15 Estas imagens são do Lago Baependi que esta na margem esquerda do Rio Negro, mais ou menos a 30 horas de navegação de Manaus viajando em um bom motor de linha. No verão quando as águas baixam a “cacaia”, nome dado pelos caboclos para os paus secos que ficam submersos durante o inverno, saltam fora da água. São esculturas de árvores inteiras. A água sobe e entra dentro do mato formando os igapós, os lagos que são as maternidades da amazônia. O peixe vai para dentro do mato junto com a água para desovar, crescer e poder circular seis meses em paz, sem a pressão das “malhadeiras” profissionais.

No lugar das praias, ao invés de areia, quando a água baixa vai deixando camadas de folhas arrumadas, empilhadas uma em cima das outras com até uma metro de altura. O Baependi é um belo museu de história natural. Esta tudo lá e, ai, tem que tirar o chapéu para o Ibama que tem, sem dúvida, gente da melhor qualidade que sabe editar coisa boa quando quer. Dez anos atrás o Ibama acabou com a farra dos pescadores esportivos e profissionais que matavam a torto e a direito e fechou o lago para recuperação e estudos. Nunca mais ninguém botou os pés lá dentro. Fez muito bem, me parece que continua fechado até para visitas e fotos. Agora só falta uma coisa, fazer um belo rancho e promover o chamamento de gente que esteja a fim de conversar sobre o mato, de aprender, de ouvir, de ensinar o que sabe, de trocar, de propor, de estudar o mato conjuntamente sem vaidades, somente a trôco de entregar para a sociedade informação de qualidade, isenta dos clichês exóticos, sobre este museu natural tão precioso que os brasileiros conhecem muito pouco. A amazônia precisa de uma Escola do Mato, urgente.

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Amazônia real

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Batedor de açai no Porto da Palha em Belém, Pará

São Paulo

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Wesley Duke Lee, artista plástico

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A foto do porteiro

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Câmeras digitais, foco em 10 pontos do quatro, 14 chapas por segundo, 3 fotômetros, 1.000 modos de operação. Para que tudo isto se as fotos que os jornais tem publicado nas primeiras páginas sobre o carnaval poderiam  ter sido feitas com um flash Frata e, qualquer uma destas câmeras que  hoje estão mofando nas prateleiras da saudade? A luz da Avenida foi feita para televisão, “aberta geral” , quantidade suficiente para deixar confortável  todas as câmeras de TV e garantir o padrão Globo de qualidade. O fotógrafo desavisado cai nesta armadilha da “luz boa”, vai lá e estampa a primeira linda mulher com pouca roupa, se for famosa melhor ainda. É uma luz besta, chapada, sem relevo que só favorece as cores básicas e nenhuma sutileza. É  fácil de editar porque é tudo muito explícito. O jornal fecha a primeira página de mais uma noite de cobertura do carnaval e pronto. Boa noite leitores. No dia seguinte o leitor que viu o desfile pela TV poderá ver uma xerox do que viu na telinha na primeira página do jornal. Normal, hoje os colegas trabalham lado-a-lado, ninguém mais corre de medo como o diabo  corre da cruz. Imagina, aqui em casa é a mesma Kombi que joga os dois jornais inimigos no meu portão.

No jornal O Globo tinha um Chefe de Fotografia que avaliava da seguinte forma o trabalho dos fotógrafos que cobriam os desfiles: “olha aqui meu caro, seu eu mandar o porteiro do jornal para a avenida e mandar ele fotografar uma  gostosa ele vai fazer uma foto melhor que esta, entendeu. Se eu mandar a minha mãe, ela faz esta foto aqui, entendeu? A vida era dura,  o porteiro era o fantasma de plantão.

A BR-163 e a Olympus Trip

abc13 Estas fotografias foram feitas no centro da principal aldeia Kranhacãrore que ficava a poucos metros de onde passa hoje a rodovia BR163, a Cuiabá-Santarém. O primeiro contato foi feito nas margens do Rio Peixoto de Azevedo próximo a ponte de concreto que liga as cidades de Matupá e Peixoto de Azevedo no Mato Grosso. Imagina, era a época da Olympus Trip, a fotografia que já embicava definitivamente para a automatização. Luigi Mamprim, fotógrafo da Realidade, tinha uma Nikon FTN triscando de nova com fotômetro, era o que tinha de melhor no fotojornalimo. O filhote de anta com um colar de contas no pescoço era bom sinal, melhor que ver as contas esparramadas pelo chão ao lado de espelhos quebrados a bordunadas. Os índios não resistiram, pegaram os presentes e a estrada passou. Os mestres Claudio, Orlando e Mamprim já estão no céu, os Panara estão contatados a quase 40 anos, a fotografia usa câmeras digitais que dispensa filme e até hoje é uma loteria sair de Cuiabá e chegar em Santarém, principalmente nesta época de inverno que são seis meses de chuvas.

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Marujada

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abc11 Quase todas as festas da amazônia são religiosas e são na forma de procissões comos os Círios do Pará. Uma festa muito especial é a Marujada em Bragança na costa do Pará, perto de Belém que homenageia São Benedito. As marujas rodopiam durante tres dias entre o natal e o ano novo vestindo roupas com muito ouro fazendo lembrar a chegada da Corte Portuguesa no Brasil.