Arquivo / fevereiro, 2010

Mstislav Rostropovich

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Cobertura bem feita era malote na redação

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“Foto sem identificação é lixo”, ainda é o lema das agências de fotografia e os fotógrafos sabem muito bem o que é isso porque tem a ver com dinheiro no bolso. O melhor envelope de indentificação de filmes foi feito pelo Time. A melhor etiqueta adesiva para despachar material era da Gamma, uma agência francesa de fotografia e, os alemães da ZDF diziam que a primeira coisa que saia do avião da Lufthansa em Frankfurt era o saco amarelo e vermelho com as latas de filme para o noticiário da noite. O bom fotógrafo de jornal em viagem era o que fazia o malote chegar com as fotos na redação. Não adiantava trabalhar bem se não soubesse editar o passageiro que levaria o malote com os filmes até as mãos do mensageiro que estava no aeroporto com a descrição do passageiro passada pelo fotógrafo minutos depois de ter visto o avião decolar.

Em São Paulo era muito comum os fotógrafos dos jornais O Globo e Jornal do Brasil pegar um avião da Ponte Aérea e ir para o Rio de Janeiro do que voltar para a sucursal e enviar telefotos de qualidade sofrível.

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Beijus e tapiocas


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Em agôsto do ano passado publiquei aqui uma sequência de 16 fotos de uma índia Panara fazendo uma “receita de batata assada na pedra passo a passo” na aldeia do rio Iriri. Nas minhas viagens pela amazônia a conversa começa pela cozinha e as pautas quase sempre tem a ver com alimentação, com a sobrevivência naquele mundo que já foi chamado de “inferno verde”. Em primeiro lugar porque nas minhas contas, a melhor parte da fotografia começa sentado em um banquinho ouvindo histórias de gente que tenho profunda admiração que são os caboclos que estão dentro do mato, com pouco contato com a civilização. A base da alimentação é a mandioca, uma infinidade de variações que muda de acordo com cada região. E os utensílios? Peças únicas que ainda não foram reconhecidas. Será que o Brasil sabe de tudo isto aqui? Esta é a pergunta que eu mais me fiz estes anos todos. Agora, venho afinando a edição de minhas fotos, fechando o cerco, apertando cada vez mais o tipiti. Com o tempo o olhar muda. Fotos amadas perderam o porta-retratos e outras que a lupa nunca parou para ver direito agora ficam dando voltas na cadeira, de aflição com a descoberta. As únicas fotografias que sobrevivem sempre a qualquer edição são as que eu apontei a objetiva para as mãos dos caboclos ou índios traballhando  na lida da mandioca. São fotos didáticas que revelam o conhecimento tradicional cada vez mais raro nos dias de hoje e os fundamentos de uma cozinha que nós insistimos em atropelar diariamente.


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Claudio Edinger, fotógrafo

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Pé na estrada

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TRI-X

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Com o post de ontem me disseram que fui pego no contra-pé. Não se pode elogiar e pronto,  “tá vendo só seu cabeça dura, eu não te falei…” como se eu tivesse jurado de morte a fotografia digital. Imagina, ao contrário, achei uma maravilha. Para o jornalismo foi uma benção. Só quem já teve enfiado dentro de um guarda roupa revelando filme para mandar telefoto sabe o que é. As donas de casa tambem amaram, hoje elas trocam fotos além de receitas de bolo. A velocidade é imbatível.  O que não se comprende é que esta turma, eu não sei porque, quer eliminar, riscar do mapa para sempre um ponto de vista único que é a fotografia de prata. Porque não conviver com as duas, qual o atrapalhativo?

Domingo passado na Transamazônica

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Na tarde do último domingo eu voltava com a equipe do fotógrafo Andreas Heiniger de um trabalho na Transamazônica sentado na primeira poltrona de um micro-ônibus. Vinha fotografando a movimentação da estrada e tambem aproveitando a orientacão da Nicole, filha do Andreas, sobre a  utilização dos outros modos de foto da minha G9. Até então eu tinha tido muito pouca paciência para entende-la e fazia tudo no “P” de programa que me dava automaticamente o diafragma aberto e não disparava o flash, ponto. Era tudo o que eu precisava. Mais uma queimada de língua. Aprendi com a Nicole no meio da Transamazônica que no “M” de manual tambem é possível fazer exposições afinadas como  no aro de diafragma de uma lente antiga. Não estou dizendo que é igual ou melhor mas eu me recusava a fotografar em preto e branco com a G9 exatamente porque achava que não podia expor de acordo com a minha vontade com aquela camerinha. É tão facil que o “claro e escuro” a nova linguagem da fotografia digital pode ser acompanhada no LCD, em compensação a velha medida “sub e super”, que quantifica, esta desaparecendo do mapa.

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Todo dia a floresta passa morta

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Um agente do Ibama poderia fiscalizar os certificados de corte e transporte de madeira que passa no centro da cidade de Tomé-Açu, a 200 quilometros de Belém, se ficasse sentado na principal sorveteria da cidade que fica na esquina do bairro das Quatro Bocas em frente a agência do Banco do Brasil. Por ali passam diariamente dezenas de caminhões sem placas e nenhuma outra identificação carregados de toras de madeira. Os moradores da cidade estão desacorçoados, ninguém acredita em mais nada, principalmente na ladainha dos ambientalistas oficiais. Eu já estive lá cinco ou seis vezes nos últimos quinze anos e vi que o fluxo não muda um milímetro apesar da madeira estar cada vez mais longe. Os caminhões viajam o dia todo para chegar na cidade no final do dia.

O custo desta operação de fiscalização seria mínimo se um agente fosse deslocado de Belém para um missão de dois dias, um bate e volta que não mataria ninguém e daria uma bela mão para acabar com a impunidade e tirar o gosto amargo da garganta que os moradores da cidade sentem cada vez que passa um caminhão carregado de madeira. Preço da passagem de ônibus do agente R$ 36,00 sorvete R$ 7,00 o kilo, pernoite R$ 65,00 com café da manhã, um ótimo Yakisoba para duas pessoas R$ 22,00.

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Viagem pelo Pará

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Hoje esta fazendo uma semana que estou de viagem pelo Pará com um Power Book G4 que  tem mais de 5 anos de estrada, esta meio passado mas, ainda inteiro. Achei que a vida fosse mudar sem senhas, pagamento de taxas nos hoteis e aeroportos e comprei um 3G da Vivo achando que com ele eu poderia continuar publicando no meu blog fotos e anotações de viagem. Bom, se arrependimento matasse… acabo de sair do chuveiro de um hotel no Km 100 da Transamazônica, que tinha uma viga de concreto no meio do box e não me deixava ficar em baixo da água e,  os e-mails pedidos antes do banho ainda não foram abertos. Responder e abrir anexos nem pensar. Mais demorado ainda foi deletar spans suspeitos achando que fosse aliviar alguma coisa. A luz azul que indica sinal de 3G nunca ascendeu neste aparelho, nem mesmo na minha casa a 30 Km  de São Paulo. Aliás, lá a medida é outra: eu posso tratar as quatro cachorras e ir preparando o jantar e a caixa postal não dá sinal de vida.

Nada de mais eu só não queria ficar tanto tempo sem dar as caras e tambem mostrar algumas coisas que fui topando pelo caminho. Estou retomando esta semana com a foto de uma das poucas casas dos primeiros colonos japoneses que chegaram em Tomé-Açú, que esta a 200 quilometros de Belém.

Tomé-Açú foi um dos grande exportadores de pimenta do reino na década de 50. A pimenta do reino chegou em Tomé-Açú porque o navio que trazia os colonos teve que fazer uma escala em Singapura para enterrar uma passageira que havia morrido na viagem. Na parada do navio um casal retornou com algumas mudas de pimenta do reino.

 

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