Arquivo / 'Amazônia'

Aproveitando o embalo do filme Xingu

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Fui ao Xingu em 1995 com um punhado de fotos do contato que aconteceu em Abril de 1973 me reencontrar com os índios Kranhacãrore que tinham sido transferidos do rio Peixoto de Azevedo, onde tinha sido feito o primeiro contato, devido ao grande número de mortes que a tribo tinha sofrido logo após o encontro com os brancos. Encontrei homens e mulheres da época do contato e também Sokrit o gigante da primeira aparição que foi publicado na primeira página do jornal O Globo. Quinze dias depois voltei ao Xingu com uma Toyota Bandeirantes em companhia de meu amigo João Ávila, o Joãzinho, que era assistente do Estúdio Abril e tinha trabalhado comigo na revista Veja. Do Posto Piaruçu partimos eu, o João, meu amigo Txucarramãe Bedjai, que é sobrinho do Raoni e tinha trabalhado na expedição de contato dos gigantes e um índio Panara, este que esta à direita na foto com o Bedjai, que mesmo depois de vinte anos de contato não falava português. Nosso rumo era o Peixoto de Azevedo, visitar os locais onde tinhamos vivido os três anos de expedição, os acampamentos, tentar encontrar a aldeia, ver como estava o rio, levar os índios para rever a região. Cruzamos os 80 quilometros de mata fechada da BR 80 que corta o Parque Nacional do Xingu e o primeiro baque foi dar de cara num deserto sem fim assim que deixamos as últimas árvores do Xingu nas nossas costas. Dali pra frente foi uma tristeza sem fim. Batemos em Matupá que na entrada da cidade já ostentava uma castanheira cortada na metade com o símbolo do Rotary Club espetado em cima.

Ao lado da Avenida asfaltada que cortava o trevo do Rotary o índio Panará viu um córrego cheio de entulho e lembrou que naquele córrego tinha sido flexado o trabalhador da estrada Bispo. Fomos bater na beira do rio Peixoto de Azevedo, os índios falavam sem parar e gesticulavam agitados, Bedjai explicava que ali era onde tinhamos feito o primeiro campo de pouso, o rio corria barrento leitoso, com manchas de cores estranhas, máquinas toscas de madeira com correias removiam areia por todos os lados e jatos de água cavocavam buracos profundos.

Dormimos em um hotel de beira da estrada onde 20 anos antes era uma grande roça Panara explicava o índio que nos acompanhava. No dia seguinte continuamos a andar nas margens do Peixoto. Tudo estava mudado mas os índios não perdem o rumo, sabiam exatamente onde estavam e neste lugar onde eles posaram para esta fotografia era uma das cabeceiras do campo de pouso do acampamento onde se deu o primeiro contato.

Vendo o filme Xingu, de novo a pergunta que nunca vai deixar de ser perguntada, pra que serviu tudo isto se nenhuma estrada vai a lugar nenhum até hoje? A Cuiabá-Santarém que dizimou os Panara não leva ninguém a Santarém. A Transamazônica virou uma avenida em Altamira e a Perimetral Norte desapareceu, ninguém sabe onde fica. Alguém pode dizer para que serve a Serra do Cachimbo? Se é que alguém sabe o que é e onde fica.

Xingu, o filme

1a1a1a Assiti ontem  o filme Xingu do diretor Cao Hamburger. O filme é uma aula de um Brasil que o brasileiro já não reconhece mais, desaprendeu, só ouviu falar. O Brasil que passa no filme tem 50 anos mas para a nossa memória isto é uma eternidade. O filme não tem artefatos, tem zero clichê exótico, não se aproveita um milímetro sequer das gagues cineastisticas tão comuns quando se tem índio na história, é sereno como os irmãos e corajoso como o Claudio, homem que não combinaria nestes dias de hoje, acho eu, ele não falava, não entenderia este mundo do diminutivo, cheio de gracinhas,  não seria compreendido. Bom, ficou recluso em um pequeno apartamento até seus últimos dias, só saia para ir até a casa do irmão Orlando. Não sei se ele assinaria o abaixo assinado contra a construção de Belo Monte. Quero saber o que vão dizer os novos indianistas sobre a cena em que o velho sertanista aponta seu revólver contra a cabeça de um índio Kaiabi que trabalhava em um garimpo. Para quem conviveu com Claudio difícil não se emocionar com João Miguel no papel do sertanista

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O Encontro das Águas

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Será que nas discusões do Fórum de Sustentabilidade de Manaus estava na pauta de discusões alguma proposta para a retirada da Refinaria de Petróleo da Petrobrás que esta no Encontro das Águas dos Rios Negro e Solimões.  Se fossemos serios e preocupados com futuro do ambiente e da água, a nossa maior relíquia, ao invés da torre da refinaria que gospe fumaça preta dia e noite deveriamos ter um monumento a água. Na grande praça de água de duas cores, as “águas brancas” que vem do Rio Solimões e as pretas do Rio Negro quando se encontram formam o Rio Amazonas, um dos maiores do mundo que vai desembocar no mar. Pois é, não custa lembrar. É da Bacia de Campos no Rio de Janeiro que saem os navios petroleiros com o  óleo diesel para fazer funcionar a indústria da Zona Franca. Depois tudo volta para o sul para ser comercializado. Será que este modelo é sustentável e foi discutido?

Convite aos palestrantes do Fórum Mundial de Sustentabilidade em Manaus

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No ano passado eu convidei Bill Clinton, Sir Richard Branson e Arnold Schwarzenegger para dar uma volta comigo pelos igarapés que cortam a cidade de Manaus. Eles não toparam. Desta vez eu sugiro uma pauta para os palestrantes do Forum Mundial de Sustentabilidade, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Dominique de Villepin, ex-primeiro ministro da França e Gro Harten ex-primeira ministra da Noruega. Continua a obrigatoriedade, como no ano passado, de verificar para onde vai os dejetos depois que se aperta a vávula Hydra dos banheiros do Hotel Tropical, onde estão hospedados todos os palestrantes. Também, como no ano passado, faz parte da pauta verificar se já existe tratamento de esgôsto na Ponta Negra o bairro onde se localiza o hotel que fica na beira do Rio Negro e a maioria dos edifícios de luxo da cidade.

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Os palestrantes tambem devem dar um pulo no centro da cidade e dar uma caminhada na beira do Rio Negro para ver como cuidamos e respeitamos o nosso maior patrimônio, a água. Ir um pouco mais adiante, até o bairro do Educandos e de lá até a Refinaria de petróleo da Petrobrás,  no Encontro das Águas. Este passeio será suficiente para se ter uma idéia do nosso modelo ambiental, que usa óleo diesel extraído da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro,  para fabricar os badulaques da Zona Franca e do carinho que temos pela floresta e pelos nossos rios.

Tira uma linha

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Mesa de restaurante em Carauari, no médio Rio Juruá, Amazonas

Bodó

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Amazônia real

111aaaMurici

Moradia dos brasileiros

1112aRio Iratapuru/Amapá

TRI-X

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Beiju Chica

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No Pará é conhecido como Beiju Chica e é feito de massa de mandioca ou de tapioca. Na região de Belém costuma-se passar  manteiga salgada e assar no mesmo forno onde é torrada a farinha.