Arquivo / 'Amazônia'
Rios de esgôto
Carauari, no estado do Amazonas, esta a duas horas e meia de vôo de Manaus em um avião Bandeirantes, ou dez dias de barco de linha viajando dia e noite pelo rios Solimões e Juruá. A cidade é bem grandinha e já esta com mais de 20 mil habitantes. A foto mostra o pequeno porto da cidade, uma manilha que carreia o esgôto da cidade para dentro do rio e o lixo boiando na margem fazem parte da paisagem da beira-rio. Nós daqui achamos que lá ainda é o paraiso e assinamos abaixo-assinados contra qualquer movimento que mexa com o dito meio ambiente. Falar em hidroelétrica então é despachar a alma para o inferno. A maioria daqui do sul não sabe que para ascender uma lâmpada lá em Carauari e ver novela precisa de óleo diesel que é despachado da bacia de Campos no Rio de Janeiro e, não só lá, o norte inteiro que é a Amazônia funciona a base de termoelétrica que, pra quem não sabe, é um enorme motor que funciona a  óleo diesel.
Gastronomia brasileira
 A culinária indÃgena, a verdadeira comida brasileira é pouco conhecida e utilizada pelos brasileiros. Tampouco os principais alimentos consumidos no dia-a-dia são reconhecidos como produtos de origem indÃgena pela maioria da populacão que ignora os verdadeiros donos da terra mãe. A frase “Ãndio bom é Ãndio morto”, dita por um general na guerra contra os Ãndios americanos encaixou como uma luva pelos desbravadores dos sertões brasileiros  que entravam em conflito com as grandes nações indÃgenas que habitavam o paÃs. Hoje, ninguém mais espeta barriga de Ãndio com baioneta e ataca aldeia com bazuca. Somos mais sutis, colocamos o traçado de uma estrada em cima da aldeia, contaminamos as cabeceiras dos rios que abastecem a aldeia com agrotóxicos e plantamos soja até a porta das malocas. Novesfora o atendimento precário de saúde que o governo oferece. Reconhecimento e contrapartida pelo legado cultural deixado ao paÃs que tanto se orgulha de sua origem, zero.
Agora a gastronomia em ritmo de badalação rápida em poucos anos “bombou” e dezenas de chefes viraram atração. Viajam com produtos na bagagem, dão aulas, cozinham em festas, fazem os Ãndios catar formigas para pratos que Ãndio nenhum nunca viu e nem comeu. Mudam o nome das farinhas e, xibé não é só água com farinha, aqui tem que ter “umas ervinhas”, senão os almofadinhas do jardins não tomam, “acham pobrinho”. Imagina, os almofadinhas da terra dos Tupis, São Paulo, a cidade que se recusava a falar português porque queria falar a lÃngua oficial da cidade que era o Tupi e o Nhêngatu, lÃngua criada pelos JesuÃtas para poder se comunicar com todo o Brasil. São Paulo foi a última cidade do Brasil a falar português, muito depois de Manaus e Belém. Hoje, esta turma da cozinha além de utilizar os produtos indÃgenas, pesquisa na internet e se inspira, constroi receitas, cobra uma nota pelo prato, ganha prêmios e, zero contrapartida. Nenhum crédito, nenhuma menção a tribo, nem o nome da pimenta! Ontem eu li no jornal um deles falando em sustentabilidade. Como estes caraÃbas podem falar nisto? Eles são incapazes de dizer o nome do rio onde foi feita a farinha que esta sendo servida, quem catou e onde foi catada a formiga, não sabem o nome da abelha que produz o mel. Estão longe do mato, das comunidades e dos produtores, é só história para boi dormir, não tiram a bunda do restaurante, detestam gastar sola de sapato mas adoram vestir o jaleco branco impecável, falar com a mÃdia baba-ovo que viaja a convite de empresas e governos e receber tudo porcionado dos fornecedores. Isto é sustentabilidade?
Viagem ao Rio Içana (2)
Os Ãndios usam pedaços de beiju que são enfiados dentro das panelas ou qualquer outro utensÃlio de cozinha para se servir da quinhampira, um caldo muito apimentado de peixe moqueado com diversas pimentas da região. Eles tem identificadas 36 espécies de pimenta.
Girau com moqueados de tucunaré, piranha e traira
Acabamento de uma casa da comunidade de Juivitera
Capitão Valentim, Baniwa de 87 anos, grande figura humana,  foi educado no colégio Salesiano e  trabalhou muitos anos com os padres, viu o Içana se tornar evangélico e hoje é um deles.
Viagem ao Rio Içana (1)
Vista do alto da margem esquerda da Cachoeira de Tunuà no Rio Içana. Nesta época de inverno os rios estão cheios e a queda d’água praticamente desaparece facilitando a subida dos barcos. No verão, com  o rio baixo os barcos passam arrastados por cima das pedras, carga e motor são carregados pelos Ãndios por terra.
 Enormes bongos feitos de troncos de uma só árvore navegam entre as comunidades de Ãndios Baniwa e Curipaco que habitam o Rio Içana até a última fronteira com a Colômbia.
Salão principal da aldeia de Tunuà onde são feitas as orações e servidas as refeições comunitárias
Quinhampira, o prato mais apreciado do Rio Içana. Peixe moqueado cozido com muita pimenta e beiju.
Um pedaço da Rodovia Perimetral Norte abandonada desde os anos 70 na margem direita do Rio Içana.
São Gabriel da Cachoeira
Conjunto de montanhas no Alto Rio Negro conhecida como Bela Adormecida. As  fotos foram feitas da varanda da casa que o ISA – Instituto Sociambiental tem na cidade.
Do Xingu para as cabeceiras do Rio Iriri
Depois de mais de 20 anos no Parque do Xingu, os Panara voltaram a ter uma população de 300 Ãndios, número de individuos parecido com o que habitava as margens do Rio Peixoto de Azevedo na época do contato. A foto preto e branco é a primeira viagem das mulheres Panara para o Iriri, a aldeia Nacypotiti, onde os Ãndios estão até hoje.
Comentários recentes