Virei a casaca. Não sou mais corinthiano.
Passei quinze dias na Patagônia, como tenho feito nos últimos 26 anos, isolado em Junin de Los Andes, uma cidadezinha a 250 quilometros ao norte de Bariloche. Lá, o programa é vadear rios maravilhosos de águas cristalinas que nascem nas montanhas nevadas para pescar trutas nativas com môsca. Assistir a natureza em silêncio, caminhar por campos onde não se vê uma alma, só os gorduchos hereford pastando e os ciervos que nesta época do ano bramam para acasalar.
Este ano havia uma novidade na Hosteria Chimehuin onde fico hospedado. Colocaram Wi-Fi e eu podia ver meus e-mails e as notÃcias do dia através do IPhone. A vida mudou porque eu não precisei ir até Locutório no centrinho da cidade. Foi assim que li a notÃcia que o jogador Adriano tinha sido contratado pelo Corinthians. Pronto. Me deu um nó na garganta que esta enroscado até agora. Já fui corinthiano roxo, depois fui desanimando com o futebol e hoje, nas minhas contas, futebol é coisa para quem consegue separar canalhas e suas malcaratisses do jogo de bola dentro das quatro linhas. Como eu não consigo achei melhor não pensar mais no assunto mas, corinthiano é diferente. Acho que com os corinthianos é o coração quem manda porque, volta e meia, me pego querendo saber o resultado do jogo, desligo o rádio para não ficar nervoso e viro de costas para a TV quando o adversário ataca mas, não passa disso. Eu queria retomar com uma série de posts sobre a viagem hoje mas, enquanto não colocar esta história a limpo não vou sossegar e na quarta começo com as algumas notas da viagem. Bom, volta e meia me entrava o caso Adriano em pleno rio Malleo que é cercado de montanhas rochosas deslumbrantes e eu relembrava minha infância, as visitas que meu tio Rodolfo fazia com uma motona e casaco de couro preto que ele usava, era corintiano roxo. Ele me deu a primeira camisa do Corinthians, destas bem simplinhas, o distintivo nem bordado era mas, quando eu vestia me sentia grande, o maior menino da rua.
Pois é, querendo ou não eu vesti aquela camisetinha até os dias de hoje mas, fiquei imaginando inconformado como eu faria para explicar para uma criança corinthiana, se ela me perguntasse, como o Adriano veio parar no Corinthians. O que eu teria que dizer era o que dirigentes, comentaristas e jornalistas esportivos simplesmente varreram para baixo do tapete. Teria que dizer para o menino que o Adriano quebrou o contrato, era fotografado bêbado na noite pelos paparazzi, chegava atrazado nos treinos. Como explicar para uma criança o que é uma clinica de reabilitação de drogados e alcóolatras. Que o Imperador Romano foi mandado embora de seu clube italiano porque era irresponsável e que aqui ninguém quis ficar com ele, o Corinthians topou porque pensa em jogada de markenting mas, o tiro pode sair pela culatra. O Corinthians pensa na grana, o Corinthians de hoje é malandro, não esta nem um pouco preocupado em formar opinião na futura geração da grande Nação Corinthiana.
Eu já andava cheio de futebol e esta foi a gôta d’água. Resolvi jogar fora a camisa que vesti até hoje. Meu coração corinthiano que me perdoe mas, hoje prefiro dizer que sou palmeirense.
6 Comentários
mARIA cRISTINA em 5 abril, 2011
Tô emocionada!
Poucas vezes a gente pode ler um texto com tantas verdades.
Nem sabia eu, que meu pai tinha lhe dado a 1ª camisa do Timão (que a gente nunca esquece), todas estas verdades que você escreveu já tinham passado pela minha cabeça, porém, quem nasceu na casa de Tio Rodolpho e Tia Izabel sabe o quanto ser corinthiano tem de lealdade, penso o que diria ele sobre esta contratação, espero que não malfadada como as previsões dizem, só por uma questão de acreditar (ainda) no ser humano, que ele pode se modificar.
Queira Deus que ele se modifique, que o R9 possa mostrar o caminho da superação fÃsica, e dos bons costumes (que me parece que tem né?).
Quanto ao Bernardo, padrinho, pai, avós das 2 partes tios e tias todos somos ainda crentes no Corinthians de sempre, vamos ver o que ele vai decidir quando crescer.
Sei bem que seu coração (apesar de saber todas as verdades) não se deixará modificar de preto/branco prá verde/branco.
Não nesta altura do campeonato !
Um abraço forte
Cris
Christian Carvalho Cruz em 6 abril, 2011
Faz isso, não Pedrão. Os pilantras passam, mas o Timão sempre fica! Ainda te ligo pra tomarmos aquela cachacinha e, quem sabe, falarmos mais disso. abraços do vizinho granjeiro.
Ocimar Borges em 10 abril, 2011
Pedrão,
Você sabe que quando uma homem se torna corithiano, esse sentimento entra pelas veias e se mistura ao sangue, é uma paixão sem controle.
Por isso meu amigo, não se preocupe Adriano é apenas uma dor de barriga que logo passa.
Um forte abraço!
Ocimar
Zizi Damasco em 15 junho, 2011
Pedro,
Quanto tempo, que saudades!!!
Tudo bem que o Corinthians esta deixando a desejar, mas virar Palmeirense é demais né? :)
Prefiro acreditar que essa fase terá um fim e que vamos vestir a camisa do TIMÃO com o amor de sempre….
Beijos, Zizi e Bela.
Simão Salomão em 10 agosto, 2011
Pedrão rima com Verdão
Tira fotos belas no Parque Antrctica
Cabulava aula pra jogar (basquete) no CorÃnthians
Assiste o desmando dos cartolas contra
o bom e belo futebol
Gente, deixa o homem escolher,
a escolha mais sensata
que é torcer sem bravata
pro Palmeiras, Pedrão, vem torcer !!!
Grande abraço do fotógrafo Palmeirense que tem a foto do 1o de Maio na janela de casa, todo o sempre…
Simão Salomão
João Thiago em 5 abril, 2011
Pedro Martinelli,
Sou de Belém, me chamo Thiago e já tive a oportunidade de comer uma feijoada e pato no tucupà com você em minha casa. Sou filho da Dolores que lhe recebeu. E no auge do meu vÃcio pelo basquete, em 1999 se não me engano, quando você esteve por aqui, para a produção do livro “Amazônia o Povo das Ãguas”, me recordo do momento, depois da feijoada, em que você disse que “matava aula” para jogar basquete no Sport Clube Corinthians Paulista no seu tempo de ginásio. E como um bom, ou um ótimo corinthiano que sou, graças a Deus, vejo como triste a sua situção emocional futebolÃstica. Talvez a distância ou o clima tenham afetando seus sentimentos. Mas o time do povo não pode negar a ninguêm, principalmente quem errou e quer se redimir, a porta de entrada da nação corinthiana. Tenho certeza de que sua opinião mudará conforme o andamento dessa história “Adriano no Timão”. Mas uma coisa é certa, da maneira como ele estava se comportando não dá. Então vamos dar uma chance ao imperador. Já temos o “Queridinho da Fiel”, temos dois “pés de anjo” e recentemente um “Fenômeno”, qm sabe não vem o “Imperador da Fiel”. Um abraço e deixo aqui a minha admiração pelo sua trabalho.