Verde e Rosa

Mangueira
Três dos cinco anos que trabalhei no jornal O Globo eu passei na Amazônia, acompanhando a expedição de contato dos índios KranhacãroreVillas Boas. Na volta,  meu sonho era cobrir o carnaval do Rio de Janeiro. O meu e o dos outros quarenta fotógrafos do jornal. Dos eventos com data marcada o carnaval era tão disputado pelos fotógrafos quanto um jogo de final de campeonato, um Fla-Flu no Maracanã. O jornal abria fotos imensas na primeira página e os cadernos recheados de fotos. chefiada pelos irmãos

Fotógrafo novo faz o que o chefe manda e não dá um pio. Toda noite eu era escalado para cobrir os ensaios das escolas, nas últimas semanas que antecediam o carnaval.

Eu adorava.  Na entrada da quadra da Mangueira  mulheres vendiam camarões salgados em pequenos tabuleiros. Passava a noite a base de camarão e biscoito Globo, sempre próximo da bateria com o coração batendo no mesmo compasso do surdo.

Na hora de ir para a Avenida eu não era escalado ou  estava fazendo algum trabalho fora do Rio.

Meu ano chegou e eu fui credenciado para a cobertura. Eu não via a hora de ver o Mestre André fazer a paradinha na bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel ao vivo na avenida.

O desfile era na Av. Rio Branco e o meu carro estava escalado para sair do jornal ao meio-dia. Cheguei as 11,00 e ao invés de ir para a Avenida fui para o aeroporto Santos Dumond pegar uma Ponte-Aérea para São Paulo e de lá seguir para Assuncão no Paraguai.  Meu chefe me mandou cobrir uma reunião da Itaipu Binacional, que estava sendo construída na época , no gabinete do presidente Stroessner. “Paulista, tu não entende nada de samba, você vai para o Paraguai agora mesmo, pelo menos lá a temperatura é parecida com a do Rio”.

Três anos depois, pela revista Veja, finalmente eu cobri o carnaval do Rio de Janeiro em tempo de ver mestre André parar a bateria da Mocidade.

3 Comentários

Henrique Manreza   em 23 fevereiro, 2009

Olá Pedro, tudo bem?
Parabéns pelo blog, e seja bem vindo nesse meio :)
Dei uma nota no 28mm sobre seu novo canal de divulgação: http://www.manreza.com.br/blog/2009/02/23/sangue-novo/

Abração,
Henrique Manreza

Rogério Albuquerque   em 24 fevereiro, 2009

Caro Pedro,
Seu trabalho é uma inspiração para todos os fotógrafos. Enquanto o mundo inteiro só se fala na crise, os otimistas pegam sua câmera e vão atrás das histórias. É isso aí!

sobre carnaval:
Fui barrado no sambódromo no desfile de sábado
e descobrí que do lado de fora era muito melhor:

http://www.rogerioalbuquerque.com.br/photos/CARNAVAL%202009/

aquele abraço!
Rogério Albuquerque

Pedro Martinelli   em 24 fevereiro, 2009

Rogério,
Eu sempre gostei de correr por fora. A sensação de liberdade é grande e não se corre
o risco de voltar para casa com um monte clichês exóticos.

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