Um grande fotógrafo
DomicÃo Pinheiro, fotógrafo do Estadão, no jogo da despedida de Pelé contra a Ponte Preta na Vila Belmiro. Sentado em cima do alambrado ele aguardava a entrada do Santos em campo. No andar de baixo, na primeira fila: Manoel Motta, Alfredo Rizzutti, Reginaldo Manente e Silvio Ferreira, meu companheiro no jornal O Globo.
Para fotografar futebol DomicÃo se postava em pé na direção da linha da área pequena, a poucos metros do gol, até fazer a foto  da bola estufando a rede.
Me lembro de uma partida em que o jogador Mirandinha do São Paulo quebrou a perna. DomÃcio estava lá e sabia que tinha feito a foto do lance. Uma foto impressionante, de causar arrepio ver a perna vergada no momento exato da fratura. Todo mundo fotografou o jogador sendo retirado do campo. DomicÃo foi junto com o jogador para o hospital. Reproduziu o raio-x que mostrava a fratura e esperou a cirurgia terminar.  Na primeira página do Estadão da segunda-feira uma foto enorme do momento da fratura e ao lado a chapa do raio-x com o pino colocado na cirurgia. No Caderno de Esportes uma sequência incrÃvel com toda a história daquela tarde.
Todos os outros fotógrafos ficaram até o final do jogo, cumprindo a pauta burocraticamente.Tempo perdido. A história daquele domingo só o DomicÃo soube contar.
Uma bela aula de jornalismo. Esta foi a minha escola.
11 Comentários
Pedro Martinelli em 16 fevereiro, 2009
Alexandre,
Em memórias quero postar imagens e histórias de fotografos, companheiros das redações onde trabalhei e agora você me fez lembrar destas publicações, como a bela revista Fotoptica. Não fosse este veÃculo, o blog, que eu descobri outro dia estas fotos ficariam eternamente no armário.
um abraço
christiana em 18 fevereiro, 2009
ai pedrão
como sempre fotos fantasticas ,na verdade voce é nosso melhor representante da amazonia .
valeu .quero ver mais
bj
kiki
Andréa em 18 fevereiro, 2009
Salve, Mestre! FelicÃssima por poder compartilhar de sua experiência via blog, além de seus livros.
Assim como a fotografia, a internet resgata memória/acervo/talentos que se não estiverem envolvidos em divulgação de um trabalho —seja livro, exposição, prêmio ou algum acontecimento espetacular— ficam esquecidos.
Jansen em 19 fevereiro, 2009
Ótimo Blog, ótima abordagem e ótimo ângulo.
Mário Kempes em 19 fevereiro, 2009
Espetacular e maravilhoso blog. Além das excelentes fotos, as histórias são ótimas e algumas, como essa, uma verdadeira aula de jornalismo. Parabéns e que Deus lhe abençoe e lhe ilumine ainda mais. Como jornalista, aqui no Ceará, bem longe do eixo rio-sp, poder receber lições de um mestre, via internet, é sempre uma honra, satisfação e um grande incentivo a seguir firme nessa árdua profissão.
Ah!! ( o meu nome, é sim uma homenagem ao atacante argentino Mário Kempes, artilheiro da Copa de 1978). Abs…
Luiz Maximiano em 19 fevereiro, 2009
genial. fiquei arrepiado. obrigado por compartilhar essa história maravilhosa e multiplicar a lição pra que todos nós aprendamos. Luiz
Homero Sergio em 8 março, 2009
Grande Martinelli que me emprestou uma 400 mm no Estádio em Turim depois do Maradona diblar meio time do Brasil e Cannigia tirar a seleção da Copa de 90. Com a lente fiz a foto do Maradona com a camisa da seleção que ganhou do Careca e foi a primeira página da Folha. Obrigado! Sucesso no blog porque foto e história boa pra contar não lhe faltam.
Abraços daqui do Xingú.
Nuno Sousa em 21 junho, 2009
São situações como essa que nos ensinam verdadeiramente o que é a fotografia e o fotojornalismo. Com o advento do digital, é um lugar comum dizer que todos somos um fotografo em potencial. Fotografo não. Apenas alguém que faz umas fotos. Fotografo é aquele que é capaz de ver a foto antes do clic
Parabéns pelo seu blog. Foi um previlégio conhecer seu trabalho.
Sergio Amaral em 18 janeiro, 2010
E êle só ia de terno… .Tive o prazer de trabalhar com êle no Estadão e a honra de ter recebido dêle, a chave do seu armário.Lá estava uma caixa de papel, com fotos particulares. Guardei e abrà após algum tempo e achei uma foto minha com dedicatória a meu mestre. Não que eu tenha aprendido o que ele sabia. DomÃcio é inatingÃvel.Mas que ele gostava de mim, gostava, e isso eu carrego com orgulho. Uma vez, fui ao Paraguai acompanhar a seleção, pedi uns conselhos. Ele me disse que era para jogar metade no preto e metade no vermêlho.Considerei um elogio.
Grande abraço e grato pelo post.
Gabriella Rizzutti em 23 junho, 2011
Bom, meu avô Alfredo Rizzutti, viveu muitas histórias, e até hoje divide experiencias que ele viveu. Pois eu gosto de escutar sempre as aventuras e dificuldades que viveu. Obrigado ao martinelli, porque muitas dessas fotos meu vô nao tem mais, e tive a honra de imprimir e poder dar a ele está maravilhosa recordação. Muito obrigado!
Coletivo Action em 13 fevereiro, 2009
Linda foto, a Vila Belmiro mais caldeirão do que nunca!