Primeira página

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Nesta quinta-feira viajei pelo Rodoanel desde a Rodovia Raposo Tavares até a saída da Via Anchieta em São Bernardo do Campo. Estava indo para Santo André, onde comecei na fotografia no jornal A Gazeta Esportiva, sucursal de São Paulo e depois no semanário News Seller, hoje Diário do Grande ABC. Nunca tinha feito este trajeto e senti um calafrio quando descobri que havia desembocado no trecho da Via Anchieta onde fotografei os piores acidentes da minha vida. É um pedaço de pista, sentido São Paulo, em declive, quem tem o mesmo comprimento do predio da primeira fábrica da Volkswagem que fica na beira da estrada à esquerda. Rapidamente me veio um filminho dos piores acidentes, da Rolleyflex e do flash Braun que eu usava, que quando chovia entrava em curto e me dava choques.

Um acidente inesquecível foi uma colisão entre duas carretas de produtos químicos e outros automóveis que explodiram e nenhum corpo foi encontrado inteiro.

Bastava cair uma chuvinha qualquer para o chefe de redação me escalar: “vamos para a Anchieta fazer a primeira” , dizia Lázaro Campos.

Ontem, quando apontei no alto mantendo a velocidade permitida uma carreta basculante, destas de Porto que carregam adubo, me ultrapassou a mais de 120Kmh. Lá embaixo, na saída para São Bernardo tinha um acidente com dois carros e um motoqueiro no chão, sentado, meio tonto e um carro da Polícia Rodoviária, no mesmo lugar onde fotografei este acidente que tem um corpo carbonizado. A carreta passou em frente, continuava na pista da esquerda, na mesma velocidade, não conseguia mais parar. Pelo jeito aquele lugar, quarenta anos depois continua o mesmo, bom de primeira página, só que agora ninguém dá mais a menor importância.

Um comentário

Joaquim Alessi   em 11 fevereiro, 2011

Pedrão (já virei íntimo, hein!)
Fui apresentado a você pelo João, na SuperBanca.
Cara, que texto. Uma aula de jornalismo, do bom jornalismo.
Eu, que editei inúmeras primeiras páginas, seja no Diário do Grande ABC ou no Diário Popular (à época em que ele era o Rei das Bancas) senti saudades de uma redação de verdade.
Hoje faço TV. Sou entrevistador de programa… mas precisamos resgatar o espírito do repórter.
Parabéns por manter a alma do repórter-fotográfico, do jornalista de fato… do fato!!!
Abração

Joaquim Alessi

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