Pirarucu $ustentável

pira

Truta “salmonada” alimentada com beta caroteno para ficar alaranjada como o salmão, carnes maturadas, legumes e verduras orgânicos e agora o pirarucu paulista, criado em Mairinque a 70 quilometros de São Paulo. Nenhuma novidade. Hoje já se cria porcos do mato, tartaruga e até paca em cativeiro.

Acho que foi na última quinta feira que a Folha de São Paulo publicou uma matéria sobre o pirarucu e a seguinte frase de um chefe de cozinha: ” …se não fosse este tipo de iniciativa em poucos anos talvez não existisse mais pirarucu, aqui o peixe chega inteiro, voce vê o quão fresco esta”.

Pobres caboclos que precisam ser sustentados, além de assistir a destruição do seu quintal é chamado de desleixado pelo povo que habita as margens do rio Tietê e ainda tem que agradecer aos paulistas pela salvação do nosso “bacalhau” tupiniquim.

Que se dane o mundo sustentável, queremos um pirarucu com controle de qualidade, depois fazemos um control C + control V em algum texto exótico da internet e assim nasce um legítimo “terroir” Amazônico.

Para nós, tanto faz castanheira ou eucalipto. Se o satélite diz que é cobertura vegetal pronto, ganhamos o passaporte para o céu como benfeitor da humanidade.  O negócio é limpar a alma, ser feliz. Ninguém quer ficar micado no purgatório pagando pecados eternamente.

Interessante 1: os paulistas produzindo pirarucu em ambiente climatizado e os manauaras televisão com óleo diesel extraído da Bacia de Campos.

Interessante 2: quem tem cantado de galo sobre as maravilhas deste nosso mundo sustentável, que ninguém ainda entendeu como faz, na prática,é quem vai morrer com duzentas pratas para comer um pedaço de pirarucu do tamanho de uma caixa de fósforo, nascido e criado com ração de primeira,  em Mairinque, São Paulo.

Tem cabimento este modelo de Amazônia sustentável?

2 Comentários

Marcello Vitorino   em 13 maio, 2009

Muito interessante esse ponto de vista, Pedro. Realmente o tal desenvolvimento sustentável tem sido uma bandeira e tanto aos oportunistas de plantão.
Mas por outro lado, estive em Manaus há algumas semanas e tive uma surpresa, acredito que boa, ao me deparar com uma barraca muito bem estruturada vendendo peixe limpo e congelado, com embalagem para viagem e tudo. Havia ali aruanã, tambaqui, dourada, tartaruga e o bendito pirarucu. Trata-se de uma tal de Frigopesca e me parece que já é resultado de ações em torno da Zona Franca Verde.
Enfim, apesar do peixe estar sendo criado em áreas de manejo e pelo jeito em escala industrial, trata-se de exploração sustentáve, de um produto tipicamente local. Estranho mesmo é ver pirarucu paulista…

Luciano Stabel   em 14 maio, 2009

“quem tem cantado de galo sobre as maravilhas deste nosso mundo sustentável, que ninguém ainda entendeu como faz, na prática…”

E nem querer entender… a grande maioria das empresas fazem ações meia boca e falam de boca cheia em sustentabilidade só pra rechear relatórios anuais e era isso. Que bonito.

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