Gastronomia brasileira

 A culinária indígena, a verdadeira comida brasileira é pouco conhecida e utilizada pelos brasileiros.  Tampouco os principais alimentos consumidos no dia-a-dia são reconhecidos como produtos de origem indígena pela maioria da populacão que ignora os verdadeiros donos da terra mãe. A frase “Ãndio bom é índio morto”, dita por um general na guerra contra os índios americanos encaixou como uma luva pelos desbravadores dos sertões brasileiros  que entravam em conflito com as grandes nações indígenas que habitavam o país. Hoje, ninguém mais espeta barriga de índio com baioneta e ataca aldeia com bazuca. Somos mais sutis, colocamos o traçado de uma estrada em cima da aldeia, contaminamos as cabeceiras dos rios que abastecem a aldeia com agrotóxicos e plantamos soja até a porta das malocas. Novesfora o atendimento precário de saúde que o governo oferece. Reconhecimento e contrapartida  pelo legado cultural deixado ao país que tanto se orgulha de sua origem, zero.

Agora a gastronomia em ritmo de badalação rápida em poucos anos “bombou” e dezenas de chefes viraram atração. Viajam com produtos na bagagem, dão aulas, cozinham em festas, fazem os índios catar formigas para pratos que índio nenhum nunca viu e nem comeu. Mudam o nome das farinhas e, xibé não é só água com farinha, aqui tem que ter “umas ervinhas”, senão os almofadinhas do jardins não tomam, “acham pobrinho”. Imagina, os almofadinhas da terra dos Tupis, São Paulo, a cidade  que se recusava a falar português porque queria falar a língua oficial da cidade que era o Tupi e o Nhêngatu, língua criada pelos Jesuítas para poder se comunicar com todo o Brasil. São Paulo foi a última cidade do Brasil a falar português, muito depois de Manaus e Belém. Hoje, esta turma da cozinha além de utilizar os produtos indígenas, pesquisa na internet e se inspira, constroi receitas, cobra uma nota pelo prato, ganha prêmios e, zero contrapartida. Nenhum crédito, nenhuma menção a tribo, nem o nome da pimenta! Ontem eu li no jornal um deles falando em sustentabilidade. Como estes caraíbas podem falar nisto? Eles são incapazes de dizer o nome do rio onde foi feita a farinha que esta sendo servida, quem catou e onde foi catada a formiga, não sabem o nome da abelha que produz o mel. Estão longe do mato, das comunidades e dos produtores, é só história para boi dormir, não tiram a bunda do restaurante, detestam gastar sola de sapato mas adoram vestir o jaleco branco impecável, falar com a mídia baba-ovo que viaja a convite de empresas e governos e receber tudo porcionado dos fornecedores. Isto é sustentabilidade?

Um comentário

Efraim Moraes   em 20 maio, 2012

Parabens pela coragem com que colacaste suas palavras como bom Manauara digo que precisamos de pessoas como vc para acabar com esses ALMOFADINHAS de jalecos brancos e inpecáveis.

Efraim Moraes
Sommelier Viña Casa Silva no Brasil

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