Fotografia pra que?

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Tem muita gente que esta com os cabelos em pé. Muitos fotógrafos ainda estão deslumbrados com o mundo digital e o foco cortante que se apresenta. A maioria não tem prestado atenção que o que interessa mesmo é papel, revistas, jornais e livros que estão acabando rapidamente. As revistas estão cada vez mais com cara de computador e as tiragens pelo que ouço só diminuem. Cada vez mais se fala em ler jornais pela internet, eliminar o papel. Belo ânimo para os jovens fotojornalistas. Outro dia uma amiga me disse que as vendas dos bancos de imagem despencaram. Eu acredito, toda vez que querem comprar uma foto minha e eu digo para ligar para o banco onde tenho minhas fotos o sujeito fica mudo alguns segundos, de medo do custo, eu acho. Eles sempre ligam direto para o fotógrafo achando que a foto vai sair mais em conta. Até os projetos pessoais, os livros estão embicando para o mundo das facilidades. Agora só se fala em impressão sob demanda, nos custos, nas facilidades de comercialização mas, nunca na qualidade da impressão, no acabamento. O que interessa se o livro é costurado manualmente? É só mandar o PDF para a gráfica via e-mail e esperar o correio entregar em casa.

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Cada vez que eu dou uma passada nas minhas dezenas de caixas com negativos e cromos eu descubro histórias que não teriam fotos se a minha profissão não fosse a de batedor de perna profissional. Eu andava com um bolo de quatro dedos de altura de passagens aéreas na minha bolsa e não voltava para casa nunca, eu virava mundo sem parar, fotografando, contando histórias e quando voltava tinha o principal da vida, o veículo, o jornal, a revista para publicar as matérias. E isto é o que esta acabando. Não tendo mais revistas e jornais para que serviria a fotografia? Valeria a pena fotografar para publicar fotos na internet, como eu tenho feito neste blog, sera?

12 Comentários

Carlos Eduardo Saraiva   em 19 agosto, 2010

Não vejo essa mudança negativa, muito pelo contrário.. Só esta mudando o meio de propagação, mas imagens e fotos ainda faz parte das ilustrações de matérias on-line. E hoje qualquer um pode ter seu espaço na internet para expor seu trabalho e os custos diminuiram drasticamente.. Assim como o “valor” do trabalho, talvez ai que venha o ponto negativo, a banalização pode ofuscar pessoas com verdadeiro talento.

Sou “músico” (sim com aspas) e tenho percebido essa mesmo crise de identidade, pois a internet tornou tudo exposto demais, sem controle demais. Mas acabou surgindo blogs e mais blogs aonde estes musicos não apenas divulgam seu trabalho, mas dão dicas “compartilham conhecimento tecnico”. Algo paradoxal, ninguem mais paga por musica e agora os musicas querem entregar tudo o que sabem, tudo aquilo que tornaram a vida neste mundo movido a dinheiro possivel? Eu não saberia aplicar esse fato com a situação de um fotografo, mas é algo peculiar que tem ocorrido..

Mas pergunte a si mesmo, “mesmo se não houvesse mais meios de publicação ou se não valesse mais nada para as pessoas, ainda teria vontade de tirar fotos?”

Bem, para mim vale a pena.. E me sinto numa oportunidade unica de conhecer trabalhos que antes me era impossivel.. Eu nunca pude acompanhar qualquer exposição de fotografia ou comprar cada revista e jornal, resumindo, sempre estive a margem social,fora deste mundo.. E A internet me trouxe a ironia de puder ir alem do que minha realidade permite… Se é assim que o mundo esta se apresentando, porque nao aproveitar esse momento de forma criativa e a seu favor? Me causa certa ansiedade imaginando coisas que ainda estão por vir….

Erick Moreno   em 19 agosto, 2010

Sim, claro que valeria.

Fotografia é feita para ser vista, esses novos meios todos só aumentam a visibilidade da fotografia.

O argumento é simplório, mas pense que se blogs existissem 30 anos atrás muito mais gente teria visto as suas fotos, teria reconhecido o seu trabalho e teria lido o que você pensa sobre culinária, amazônia e moradia dos brasileiros.

Publicar em um blog, permitir que suas fotos sejam pesquisadas e acessadas por qualquer um vale a pena. Mesmo todos concordando que um bom papel e uma boa impressão valem ainda mais a pena.

Ralph Spegel   em 19 agosto, 2010

A fotografia digital atual está totalmente prostituída. O glamour de um enquadramento e o click exato de uma fotografia sumiram e deram lugar aos “apertadores de botãozinho”, uma leva de fotojornalistas que sentam o dedo no gatilho de suas MARK qualquer coisa e conseguem sacar 50 fotos quase idênticas.

Eu tenho medo de que a fotografia se banalize ao ponto de não valer mais a pena. Tenho medo da enxurrada de fotos via celular, de gente que acha que deixar a maquineta no AUTO e sacar um ânlgulo diferente está fazendo arte.

A fotografia digital é um monstro perfeito: fotometria, iso, velocidade e aberturas minimamente calculados.

O que se vê é o que se fotografa.

E fotografia, desculpe-me ser franco, não é isso.

Márcio Neves   em 19 agosto, 2010

A fotografia, assim como todas as formas de expressão, vive em um período de transição, de transformação.
Sua história começou em meio a muitas criticas que buscavam negar algum caráter artístico na fotografia, afinal para um pintor do inicio do século XIX era difícil imaginar como seria seu trabalho a partir do surgimento da fotografia.Mas as artes se adaptaram e evoluíram, houve espaço para todos.
Hoje os fotógrafos do final do século XX também tem dificuldades em imaginar como será seu trabalho com tanta tecnologia, mas, assim como no passado, quem estiver atento e tiver algum talendo irá se adaptar e evoluir.

Abraços a todos!

Marise   em 20 agosto, 2010

Meu pão-nosso-de-cada-dia não vem da fotografia mas também sofreu o impacto dessa revolução que, na verdade, atinge a tudo e a todos nos quatro cantos do mundo.
Minha cartografia a caneta naquim está todinha dentro do computador, em vetores ou em pixels de imagens de altíssima resolução, obtidas por satélites cada vez mais sofisticados.
E tudo isso está acessível a um número cada vez maior de pessoas “comuns”, gratuitamente, nos GPS, no Google Earth, nos milhares de aplicativos freedownload da grande rede.
E, no entanto, tem uma coisa, a “alma” do trabalho, a marca da mão humana através do mouse, sei lá, que faz com que as pessoas que trabalham comigo saibam que aquele mapa foi feito por mim.
Do meu lado, tem o gosto de fazer bem feito, o prazer de percorrer as velhas mas insubstituíveis cartas topográficas de papel, passando as informações para dentro da máquina…
Uma coisa se somando a outra, compartilhada com outras pessoas, o velho e o novo, a utopia (por enquanto) da caminhada para um outro tipo de vida, onde o que se produz não seja simplesmente uma mercadoria…

Sueli   em 31 agosto, 2010

Batedor de perna profissinal….amei!
Vc ta certo, mas realmente os tempos mudaram. Eu mesma sinto esse saudosismo de tempos que eu nem vivi. O que tenho feito é apertar o botãozinho para ganhar o pão de cada dia, e à parte disso estudo o que é fotografia de verdade, desenvolvendo minha linguagem autoral. Não seria o máximo poder sobreviver de arte? Quem sabe um dia..
grande abraço!

M.Minemoto   em 9 fevereiro, 2011

Tenho certeza que o mais importante é o que procuramos como informação. Não importa o suporte, mas a qualidade de quem escreve as informações.
Posso falar que sou da nova geração, e conheço o trabalho fotográfico do Pedro Martinelli através de livros e professores que falaram sobre o seu trabalho. Eu acho sensacional a internet, na qual podemos rever e ver novos textos e fotografias, mas a base para essa motivação foi a de ver os livros e as imagens impressas no papel.
A preocupação em relação a fotografia digital é muito pequena, se compararmos a qualidade que encontramos na fotografia brasileira. Temos um samba todo aperfeiçoado, a digitalização é um “batuque” a mais nesse contexto.

carlosnamba   em 14 março, 2011

Pedrão, uso uma PowerShot Pro1, ultrasonic 28mm/200mm. Acesso as digitais via internet 3 GB. Minhas netas clicam nos ipod e smartphones! Avançar é preciso! Em Brasilia disponha da gente!Bons tempos nosso da Veja! Forte abraço!

Pedro Martinelli   em 14 março, 2011

Grande Namba. Saudades.
abraços.

carlosnamba   em 14 março, 2011

Há 28 anos divirto-me com chinese gourmet no Brasilia Shopping! Fotos só dos familiares!Parabéns pelo blog! Descobri na implosão do Pomodori postado pelo Doria.

Edvaldo Santos   em 30 abril, 2011

“Cada vez que eu dou uma passada nas minhas dezenas de caixas com negativos e cromos eu descubro histórias que não teriam fotos se a minha profissão não fosse a de batedor de perna profissional.”
É exatamente o que costumo dizer: “Toda foto tem uma história. Mas, nem toda história tem uma foto.” Concordo com você quando diz que a melhor foto é aquela sem câmera, uma foto eterna, que nunca sairá de nossa mente.
Mas digo: Sem “essa” internet, jamais teríamos o privilégio de ler e poder visualizar um pouco destas tuas histórias.

J.R.Duran   em 8 agosto, 2011

Pedrão, grande Pedrão. O que vale são as historias que você tem para contar. Tanto faz se são digitais ou analôgicas. O que vale são as imagens que teus olhos ajudaram a imprimir.
Abraço.

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