Patagônia, pesca com mosca, férias (1)

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Quando algum fotógrafo pensava em sair de férias no jornal O Globo o chefe Theopompo da parte da manhã respondia, “férias pra que?, voces vivem de férias, isto aqui é a melhor agência de viagens do mundo”. Eu concordava, achava uma chatice ficar um mês fora do jornal. Em 1985 aprendi a pescar com Fly, ou mosca como se diz em português, com meu amigo Gustavo dos Reis Filho, o Gugu, e fiz a primeira viagem para a Patagônia na região de Junin de Los Andes, onde estão concentrados a maioria dos rios e lagos da região. Descobri meu paraíso de silêncio. Ao lado do mestre Gugu fiz um “roll casting”, o movimento básico que um iniciante aprende para colocar a linha na água e poder começar a pescar, no rio Quilquihue e no segundo arremesso peguei uma belíssima truta arco-iris com uma mosca Zug Bug, uma ninfa. Bom, aqui vai uma pequena explicação sobre este tipo de pesca que é pouco conhecido por nós. O equipamento é basicamente vara e linha. A carretilha só serve para enrolar a linha, não tem tração, é tudo muito simples, trata-se de uma modalidade de pesca muito antiga mas, para aprender é preciso de professor, sózinho é quase impossível aprender os fundamentos. A isca é artificial, pode ser atada pelo próprio pescador com materiais diversos, penas e pêlos de animais e deve reproduzir todas as fases do nascimento de um inseto, desde quando se desprende das pedras no fundo do rio (ninfas), até quando chega na superfície para voar (secas). Tem tambem as moscas que imitam os insetos terrestes como as abelhas e formigas e as môscas que imitam pequenos peixes.

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Quando tive esta primeira truta nas minhas mãos, na flôr d’água, movimentando-a para frente e para trás lentamente para oxigena-la para a soltura, lembro de ter dito para o Gugu meu companheiro de todos estes ano que aquele seria o lugar que eu gostaria de ir todos os anos de minha vida. E assim tem sido todos estes anos, sempre passando por Buenos Aires, revendo amigos, afinando as compras em um ótimo Fly Shop e conferindo os clássicos culinários da cidade. Algumas vezes dou um pulinho extra no começo da temporada em dezembro e depois a viagem obrigatória no final de temporada que termina no dia 15 de Abril. Depois a pesca fica proibida para que as trutas que saem dos lagos para desovar não sejam molestadas. Assim começou meu aprendizado para sair de férias e, lá em Junin, como chamamos intimamente como se fosse nosso talvez seja o único lugar que eu conheça onde eu passo o dia ouvindo o sopro do vento, o som das águas rápidas dos pools, a truta pequena que bate na superfície para tomar minha mosca sêca ou então um estrondo assustador de um ciervo pulando dentro do rio para atravessa-lo.

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