Estes anjos da guarda…

varalA fotografia pode ser sonhada, imaginada, construída, visualizada. Eu sou especialista em sonhar acordado, vejo tudo com a lente certa, o grau de desfoque do fundo, uma luz incrível, de sonho, claro. Tudo perfeito.

Uma bela chapa, mas nunca deu certo.

A fotografia de esbarro, aquele encontrão, precisa de muita pernada para fazê-la.

Não é simples. Exige domínio total da técnica porque o momento, o gesto, a expressão vai sempre comparecer em frações de segundo, quando menos se espera.

Nas minhas contas, percebo que meus sonhos nascem no arquivo de todos os momentos únicos que não consegui fotografar. O sonho é a foto que não pode ser mostrada, que não foi feita mas foi enxergada pelo fotógrafo.

O pé na estrada é como esperar a próxima dobrada da curva de um rio, é virar uma esquina e perder o fôlego com uma cena simples do cotidiano, um nada, tão nada que parece sonho.

7 Comentários

Davi Boarato   em 1 março, 2009

Definição sensacional das tantas fotos não tiradas! Parabéns por conseguir colocar em palavras este sentimento!

Myriam Vilas Boas   em 1 março, 2009

Um dia chego lá… (hehehe)

Fred Jordão   em 3 março, 2009

Caro Pedro,
Parabéns pelo blog, já tá nos favoritos e é leitura diária. Muito boas histórias.
É engraçado esta história de sonhar com fotos, pois eu sonho muito com fotos. Acordo na madrugada com a foto ou com um caminho pra começar a fotografar. Muitos ensaios eu fiz assim. E muitas outras eu sei que nunca farei. As fotos perdidas, que eu não conseguí fazer também são muitas, por descuido ou pelo simples fato de não estar com a maquina. Algumas, eu jamais esquecerei. Xirumba, o maravilhoso fotografo de Olinda, me falou que as melhores fotos são as fotografadas sem maquinas, quando o o cara vê a foto tão perfeita que desconcertado percebe não estar com a maquina a mão.
Abs, e obrigado por dividir conosco estes causos.

Leticia Freire   em 3 março, 2009

Coração de fotógrafo bate na sola do pé, né não?

Pedro Martinelli   em 3 março, 2009

Caro Fred,

Na Amazônia o céu que antecede uma chuva forte tem um tom de rosa que é impossível
reproduzir com filme. Depois de revelado, o cromo era sempre uma decepção, estava longe
do que eu tinha visto sem a câmera na cara. Eu continuava fotografando teimosamente, até
entender que aquele céu deveria ser olhado e exposto com a camera da memória, só nossa,
única, que mantem as cores fiéis eternamente.
um abraço

Pedro Martinelli   em 3 março, 2009

Letícia,

Eu tinha um chefe que dizia: “se ficar sentado aí nenhuma foto vai passar na sua frente,
lugar de fotógrafo é na rua”. Foi assim que eu fui criado.
um abraço

geraldo sales   em 1 outubro, 2009

Pedrão, Chego cedo
cheiro verde
açaiiiiiiii!
Ver o peso…
saudades do grande poeta das lentes e da alma amazonica.
A leseira itinerante continua com e sem haldol.resignificando os sofrimentos sem olhar para o retrovisor.E a corda continua esticada.
Parabéns pelo blog spaghetti ao tucupi.
abraços
geraldo direto de Tucuruí.

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