Entre um scan e outro…

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A fotografia digital me da uma dor terrível nas costas porque fico sentado muito tempo na frente do computador. Antes o laboratórista, que a fotografia digital esta eliminando do mapa, cuidava da revelação e os fotógrafos do arquivo. Hoje não, a vida tem que estar escaneada e o arquivo pronto para entregar uma foto para ser enviada por e-mail. Nos últimos dias tenho passado horas escaneando, para dar um jeito no arquivo. Na verdade nunca vai ter jeito, eu sei, porque vai ser impossível ter tudo digitalizado. Novesfora que no contato tem a história toda e dar uma passada em todos eles de lupa faz bem para a memória. Repassar a tarefa para alguém nem pensar porque seriam dois trabalhos, ter que contar a história e cuidar para não refotografarem a foto novamente com os modismos que as ferramentas do fotoshop permite. Esta molecada tem um péssimo gosto, a mão pesada, não sabem o que são meios tons e adoram cores saturadas. Antes, enquanto o laboratorista trabalhava o fotógrafo flanava, ia no cinema, pagava contas, mas estava sempre de olho na cidade. Hoje não, os laboratoristas sumiram do mapa e o fotógrafo esta preso atrás de uma tela de computador. Em casa para sair do estado de hipnose da tela do computador eu vou para a cozinha e dou um jeito de fazer alguma coisa com a intensão de fotografar, Um prato qualquer como estes de tomates com ervas que fiz para o almoço. Fui atrás de uma luz na varanda e fui fotografando o still do prato, como se estivesse voltando para o mundo que produz, as costas indireitadas. Pronto, os tomates assados foram comidos com pão azeite e vinho, fui para a rede e não voltei mais para o computador. Esta é uma outra versão da viagem de pegar o carro e sair sem rumo, como fiz outro dia até encontrar os bolinhos de carne em Camanducáia e voltar novo para casa

4 Comentários

Ricardo   em 20 abril, 2010

Muito boa essa percepção do fotógrafo preso fazendo pós-produção, dizem que o digital é mais prático mas concordo com você, dá um trabalhão que cai todo nas costas do fotógrafo. Sem contar que haja HD e BKP pra armazenar tudo.

Virginia Liberato   em 20 abril, 2010

Pedro,
Concordo com vc sobre as fotografias atuais, e esse trem vicia rs, tirar foto e revelar agora é
um só verbo, fico horas na frente do PC consertando e imprimindo fotos.
Mas tem o lado bom, vc na cozinha ta saindo tao bem quanto como fotografo, sempre te imito logo tmb fiz os tomates e
ficaram muito bons assim como a tapioca e outras belas imagens postadas aqui.
Aproveite o feriado e ache outra especiaria pra fazer no fim de semana rsrs… ficaremos todos gratos.
Um abraço

Beth   em 25 abril, 2010

estive no Rio com um velho fotógrafo de antes de nascermos. ele tem um apartamento na Tijuca com arquivos que irão se acabar, e contam toda a historia dos aeroportos do país, em fotos.ninguem se interessa…

Sergio TEGON   em 20 maio, 2010

Pedro,
Admirador velho do seu estilo e trabalho, cheguei no seu blog à cata da receita do cuscuz, que ainda não achei, mas estou me deliciando com as imagens e escritos da aba ‘comida’. Está tão bonita essa imagem dos tomates com ervas, que certamente estarão na minha mesa na próxima refeição! E sua conversa sobre os efeitos da fotografia digital está corretíssima! VIVA os meios tons! Abraço!

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