Criados no pé da corredeira

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Os sintomas de desconforto e o medo começam quando um grupo de homens uniformizados chegam em uma comunidade e, sem mais nem menos, com um equipamento montado em um tripĂ© saem fincando estacas para demarcar as quotas onde as águas do lago de uma futura hidrelĂ©trica vĂŁo chegar. Logo o caboclo descobre que tudo vai ficar debaixo d’água e nĂŁo aparece ninguĂ©m para dar informação. É sempre assim e nĂŁo vai ser diferente com a nova hidrelĂ©trica que vai ser construida no Rio Jari que vai alagar a comunidade de castanheiros que esta no Rio Iratapuru, afluente do Rio Jari, no Amapá. Esta cena que mostra tres irmĂŁos pescando bodĂłs com um tarrafa em um braço do rio Iratapuru, que corre em frente da casa onde moram para fazer o caldo do jantar nĂŁo vai existir mais dentro pouco tempo. Tampouco será levado em consideração para efeitos de indenização, se houver alguma, o modus vivendi do individuo que nasceu e foi criado no pĂ© desta corredeira.

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Um comentário

Viajante ComilĂŁo   em 7 fevereiro, 2012

Esse post me lembrou aquela mĂşsica “Sobradinho”, do Sá e
Guarabyra…

O homem chega, já desfaz a natureza
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
O São Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que dizia que o SertĂŁo ia alagar

O sertão vai virar mar, dá no coração
O medo que algum dia o mar também vire sertão

Adeus Remanso, Casa Nova, Sento-SĂ©
Adeus PilĂŁo Arcado vem o rio te engolir
Debaixo d’água lá se vai a vida inteira
Por cima da cachoeira o gaiola vai, vai subir
Vai ter barragem no salto do Sobradinho
E o povo vai-se embora com medo de se afogar.

O sertão vai virar mar, dá no coração
O medo que algum dia o mar também vire sertão

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