Contas checas

colar

No dia do contato com os índios gigantes, os Kranhacãrore, dois jovens caçadores apareceram do outro lado do rio, na margem direita do rio Peixoto de Azevedo, onde havia um varal de presentes com alguns colares, dispostos a fazer contato com os brancos. Aguentaram firme no barranco a pressão das canoas que cruzavam o rio. Quando faltavam alguns metros para a canoa em que estavam Claudio e Orlando topar no barranco este índio da foto esticou o arco na cara do Claudio Villas Boas como se fosse flechá-lo. Esta foto eu não fiz. Fiquei paralisado, sem comando, como se estivesse assistindo a cena em câmera lenta. Felizmente ele afrouxou o arco e foi se afastando para dentro do mato. Claudio e Orlando foram entrando até se aproximarem para o “beliscão”na barriga de um deles, que nas contas de Claudio este gesto significava o fim da perseguição e também o fim de uma nação.

Bom, eu havia dito em um post destes sobre a expedição que nos varais de presente encontravamos contas no chão. Claudio achava que os Kranhacãrore não gostavam de colares com duas cores e pedia que fizesse apenas colares de uma só cor. Teimoso e inconformado com o gosto dos Kranhacãrore eu montava escondido um ou outro colar alternando duas contas vermelhas e duas amarelas.

Meses depois revendo todo o material do contato descobri no pescoço do índio mais baixo e de cabeça redonda o colar que eu havia montado. Era o mesmo índio atrevido e brincalhão que havia esticado o arco na cara do Claudio Villas Boas, e também o que tomou o beliscão na barriga.

Um comentário

estefano lessa   em 30 setembro, 2009

Pedro, desde que conheci o seu blog virei leitor assíduo. Parabéns pelo trabalho e obrigado por compartilhar as fotos e histórias por aqui.
Grande abraço!

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