A câmera faz parte da logística

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Outro dia vi um fotógrafo fazendo uma foto de um grupo de pessoas. A cada disparo ele levava o antebraço no rosto para cortar a luz do sol e enfiava a câmera por baixo para conferir a chapa recém batida, enquanto as pessoas aguardavam pacientemente o fotógrafo acertar o tripé que tinha ao seu lado com um pequeno flash.

Não era nenhuma cobertura, o mundo não ia acabar, estava tudo controlado mas apertar o obturador e tirar o olho do visor para ver a foto em uma janela onde era a tampa da câmera de filme ficou inevitável. Engraçado, justo agora que o custo do filme desapareceu das planilhas das redações se fotografa menos. O  Kodachrome era importado e custava uma nota, novesfora a revelação E-6, as molduras e o porta cromos.

Checar na hora para ver se a chapa saiu é ótimo, acalma, é alívio imediato para a alma. Saber que a foto esta bem exposta já é uma grande coisa. A foto existe mas isto esta criando uma insegurança danada. A câmera faz parte da logística e não da fotografia. O problema é que enquanto ficamos apertando botões burocraticamente com a cara enfiada nas costas da câmera o mundo continua passando na nossa frente.

4 Comentários

Saulo Cruz   em 1 julho, 2009

O jeito de se guardar as fotos mudou. A linguagem e os três pilares da foto (sensibilidade, abertura e tempo de exposição) são os mesmos.

Claro que há uma nova idiossincracia (neste caso o olhar paranĂłico pĂłs-foto) paralela ao modo de se construir a imagem…

Grande abraço!

Kodaky   em 1 julho, 2009

Quando o fotógrafo se torna um apertador de botões, a imagem que se cria deixa de ser fotografia. Pior que isso, aquele que aperta os botões se torna parte da máquina, deixa de ser o autor para ser apenas mais uma peça da máquina e uma vítima da fábrica que fez o equipamento.

Pedro Rubens   em 2 julho, 2009

a soluçao Ă© simples… um pedaço de “black tape” tampando o lcd, e coragem para nao tira-la

Gilvan Oraggio   em 5 julho, 2009

Fiquei feliz em conhecĂŞ-lo via blog, a tecnologia nos proporciona isso.
Muito diferente do apertar botões freneticamente, é descobrir o porquê e quando apertá-los.
Isso a tecnologia ainda deixa a desejar.
Abraços.

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