la gaztronomia di banannèri

Ontem a noite, conversando com o professor Carlos Dória sobre um molho de tomate que ele havia feito falei da minha vontade de criar uma nova sessão para o Blog sobre as comidas que fazemos no dia-a-dia. Na verdade sempre que falamos sobre estes pratos simples e baratos a artilharia come solta em todas as direções do dito mercado gastronômico mas, verdade seja dita, reconheço que minha latitude é muitissímo menor que a do meu querido professore. Eu queria um nome para esta nova sessão quando Dória lembrou do Juó Bananère e cinco minutos depois arredondamos o nome da nova sessão: ” la gaztronomia de banannèri”

Como sou meio italiano, meio caipira, cozinheiro, dona de casa desde pequeno e mateiro velho achei que o Bananère é a cara do que eu quero tratar aqui. Reproduzo o texto do Wikipédia que apresenta o escritor Juó Bananère:

Juó Bananère era o pseudônimo usado pelo escritor brasileiro Alexandre Marcondes Machado para criar obras literárias num patois falado pela numerosíssima colônia italiana de São Paulo na primeira metade do século XX.

Apesar de não ter ascendentes italianos, o escritor Alexandre Marcondes Machado apaixonou-se pela cultura surgida nos bairros centrais da capital paulista após a grande onda imigratória que fez com que a população da cidade passasse de 130 mil habitantes em 1895 a 580 mil em 1920, dos quais mais da metade eram imigrantes estrangeiros e outro quarto eram seus filhos já nascidos no Brasil.

Sua principal obra foi o livro La Divina Increnca, editado pela primeira vez em 1915 e reeditado em 1994. Todos seus textos, desde artigos para periódicos a panfletos, eram marcados por uma linguagem satírica e autolaudatória. Juó Bananère intitulava-se Gandidato à Gademia Baolista di Letteras (Candidato à Academia Paulista de Letras).

Notável em sua época pelo estilo humorístico-satírico, recriando textos literários consagrados, utilizando-se de uma mistura de italiano e português recorrente em bairros paulistanos de imigrantes. Aclamado pela crítica, tornou-se popular no Brasil pela irreverência de suas paródias a sonetos de Camões e de Olavo Bilac, a poesias de Casimiro de Abreu e de Guerra Junqueiro, como pelas sátiras políticas contra o marechal Hermes da Fonseca e outros nomes da velha República.

Fez ainda paródias de La Fontaine e Machado de Assis, mantendo ainda a mistura dos idiomas italiano e português, típica dos moradores italianos dos bairros do Brás, da Mooca, do Bixiga, do Belenzinho, bairros operários da cidade de São Paulo, onde havia grande concentração de imigrantes. Considerado por muitos como um pré-modernista, principalmente pelo fato de ter começado a tratar de forma irreverente as produções do romantismo e do parnasianismo, publicou dois livros La Divina Increnca, paródia da Divina Comédia, e Galabaro, corruptela de Calabar.

Paródia de Juó Bananère ao poema “Canção do exílio” de Gonçalves Dias

Migna terra tê parmeras,

Che ganta inzima o sabiá.

As aves che stó aqui,

Tambê tuttos sabi gorgeá.

A abobora celestia tambê,

Che tê lá na mia terra,

Tê moltos millió di strella

Che non tê na Ingraterra.

Os rios lá sô maise grandi

Dus rios di tuttas naçó;

I os matto si perde di vista,

Nu meio da imensidó.

Na migna terra tê parmeras

Dove ganta a galigna dangola;

Na migna terra tê o Vap’relli,

Chi só anda di gartolla.

 

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