Cuscuz (Paulista?)

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Minha mãe avisava com antecedência que faria um cuscuz para garantir que teria a platéia de seus oito filhos. Na minha casa era um prato nobre.

Ela não tinha paciência para fazer um “mesan place” mas explicava todos os detalhes da feitura e os enventuais problemas caso não se respeitasse os cuidados de cada etapa. “Coloque a farinha aos poucos no molho, não é para mexer, é só envolver, devagar, senão vira um pasticcio”.

O cuscuz não tinha receita, ela tinha aprendido com uma empregada. Aliás, ela adorava as receitas das empregadas,que depois de aprovadas passavam a ter o nome da autora.

Bom, certamente a receita do cuscuz não veio de Bari, na Itália, terra de minha avó, tampouco de Udine, onde nasceu meu avô.

A verdade é que eu não vi mais o cuscuz da minha mãe desde que cheguei em São Paulo, em 1970. Fiquei com a cuscuzeira, esta da foto acima, e de vez em quando relembro aqueles tempos fazendo um cuscuz e recordando minha mãe.

Se tiver alguém por perto vem uma pergunta certeira, “para que serve este pano?”

Pronto, neste momento eu tenho certeza que o nosso cuscuz bateu asas para sempre. Para que o pano se hoje se faz cuscuz na panela, além de ter um concorrente marroquino em pacote que invadiu a nossa praia?. Nada contra, mas o cuscuz paulista não é feito com sardinha em lata. Ou será que as mães, avós, bisavós, tataravós…da empregada da minha mãe usavam sardinhas “Coqueiro” para fazer o legítimo cuscuz paulista?