Edifício Joelma

Esta foto eu fiz enquanto corriaAs nove horas da manhã de uma sexta-feria, dia 1º de de Fereveiro de 1974, o office boy da sucursal do jornal O Globo, que ficava no Edifício Zarvos, na esquina da Av. São Luiz com a Av. Consolação, tocou a campainha do meu apto. no 36º andar do Edifício Copan. “Pedrão esta pegando fogo num prédio do centro”. Abri a cortina e vi uma enorme coluna preta de fumaça.

Sai correndo no rumo da Praça da Bandeira, com um corpo de Nikon F e uma 85mm; este conjunto sempre carregado com filme TRI-X era uma extensão do meu corpo.

Não me lembro de ter pensado em diafragma e velocidade. Como não havia fotômetro, era sempre o instinto que se encarregava de fazer a fotometragem, sem erro, caso contrário fazia o fotógrafo perder o emprego.

Esta foto eu fiz enquanto corria. Depois, quando cheguei na frente do prédio coloquei uma 200mm eu vi de perto as expressões de desespero das pessoas que não resistiam ao calor das chamas e se atiravam. A câmera naquele momento me desapropriou de todos os sentimentos. Fotografei, mas não tenho vontade e tampouco quero relembrar aqui os detalhes daquela manhã tão triste.

6 Comentários

Persio Presotto   em 2 março, 2009

Pedro, belíssima foto! Soube do seu blog através do Juca Kfouri. E desde o lançamento está entre os meus indicados! Afinal, não é apenas a foto que é bela. Mas o trabalho realizado por você é digno de aplauso, e na primeira fila! Clap, clap, clap!

Raphael Günther   em 2 março, 2009

Saudações Pedro. Vi a indicação do seu blog no blog da Simonetta há alguns dias e desde então tenho acompanhado as histórias. Muito legal a iniciativa, e espero que continues com esse gás!

Pedro Xavier   em 2 março, 2009

Pedro,

Uma história muito interessante por trás de mais essa foto incrível. Fiquei muito curioso pelo lançe de não ter o fotômetro e se basear no instinto e na experiência para fotografar.

Pedro Martinelli   em 3 março, 2009

Caro Pedro,

Eu comecei a trabalhar com fotômetro quando fui para a Veja, em 1976. Antes disso “era tudo na mão”.Os filmes eram revelados pelos fotógrafos,
portanto o acerto do diafragma era feito no dia-a-dia.
um abraço

Denise   em 7 maio, 2009

Olá Pedro,
Foto sensacional!

Eu sou estudante de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo e estou produzindo um documentário sobre o Edifício Joelma. Será que é possível uma entrevista sobre sua experiência? Estamos fazendo um recorte da sensação de cada um, desde sobreviventes até os bombeiros que trabalharam na tragédia.

Seria muito enriquecedor para o nosso projeto.

Aguardo retorno.

Obrigada,

Denise.

carol vieira   em 13 julho, 2010

a fotografia, claro que é bela mas também é chocante. Não achei de bom gosto foi o belo texto a falar das câmeras, ângulos enquadrados, valorizando mais a beleza da fotografia e o ego do que a imagem da cena em si. Um momento de muito sofrimento e tristeza das vítimas do incêncio.

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