Moda

dupla

fogo

Fiz moda por dez anos. O tempo de minha passagem pelo Estúdio Abril. Nas reuniões de pré-produção era comum usar uma Vogue Itália, entre outras revistas estrageiras, para ilustrar a pauta e produzir as roupas, o cabelo e a maquiagem. Fotógrafo e modelo se esforçavam.

A matéria da referência era feita em Manhattan e nós iamos fotografar em baixo do Minhocão. Eu gostava de improvisar. Limpava o fundo com uma 400 e se chovesse melhor ainda, era um forma de sair da mesmisse.

Uma única vez consegui inverter a demanda com fotos de mulheres boias-fria que eu tinha feito em Itapira-SP. Para todas a editoras que eu propunha uma moda brasileira e mostrava minhas boias-fria elas torciam o nariz. Achavam tudo muito brega.

Até que a Regina Guerreiro assumiu a direção da revista Elle e me chamou para fazer a primeira matéria, uma externa com trinta modelos. Disse que ia me arrumar uma pessoa para me ajudar a dirigir e no dia da foto apareceu com o diretor José Possi.

Mostrei as fotos para os dois e propus a matéria. Regina aprovou na hora e na semana seguinte eu estava numa colheita de cana, no meio das queimadas, com duas modelos que foram vestidas com panos comprados no Bom Retiro. A edição tinha dez páginas alternando uma foto do meu ensaio e outra com a modelo. Se não me engano ganhamos o Prêmio Abril com esta matéria.

Achei que daí pra frente a vida ia mudar. Nada. Não fiz mais nenhuma moda brasileira. Foi a única.

Um comentário

claudia berkhout   em 18 fevereiro, 2009

sim, meu querido amigo, me lembro bem disso. Você ofereceu para todas as editoras na Abril e eu fiquei com àqua na boca para fazer esta estória. Ainda bem que a Regina asumiu a Elle naquele momento, não?
Agora, ela é uma bela lembrança junto à outras que alguns de nós realizamos tão bem nos anos 90.
bj claudia

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