“Codeguim” (cotecchino)

codega

Descobri que eu era um “fuori muri”, um lucchese de segunda categoria, não faz muito tempo. Fui comprar um azeite em uma loja fina de Lucca, na Itália, e conversando com o vendedor eu disse que era descendente de italiano, dali mesmo, de Lucca. Pra que? Ele me disse na lata que os Martinelli não são lucchese, são “fuori muri”, gente nascida fora do muro que cerca a cidade. Pronto, gelei e sai da loja atirando como em filme italiano rodado no cortiço e lembrando dos almoços intermináveis na casa de meus avós, em Santo André. Sempre tinha uma “fritadinha di verdura”, arroz e feijão que meu avô adorava e comia tres pratos.

Primeiro ele tomava como sopa o caldo do feijão. Depois mais uma concha só com os grãos e por cima, frito em azeite,  a massa que sobrava dentro da máquina de encher o “codeguim” que fazia para vender no açougue. O terceiro prato era com arroz, feijão  e uma carne magra temperada com azeite e pimenta do reino e uma verdura cozida. Depois a salada e por último, pão, queijo e frutas.

O  “codeguim” feito pelo meu avô era temperado com nós moscada, cravo, pimenta do reino e raspa de casca de limão siciliano. As carnes são toucinho, couro de porco moído grosso e paleta.

Meu avô dizia que na Toscana, ele nunca dizia que era de Lucca, primeiro se cozinhava o cotecchino em água para poder sentir o perfume suave do limão siciliano.

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